segunda-feira, novembro 06, 2006

Terra Estrangeira (1995, de Walter Salles)


Faz 16 anos, mas parece que foi ontem a retenção do dinheiro da poupança dos brasileiros pelo ex-presidente Collor. Entretanto, o impacto desse plano econômico desastrado e desastroso não sai da memória de quem tinha no banco o dinheiro guardado para trocar de carro, comprar apartamento, mudar de cidade ou investir em qualquer outra coisa.

Essa sensação de desespero que se abateu diante de todos os brasileiros, sejam eleitores de Collor ou de Lula, no dia 15 de março de 1990, é o ponto de partida da trama que move Terra Estrangeira, dirigido em 1995 por Walter Salles.

Paco (Fernando Alves Pinto) era um jovem paulista que sonhava em ser ator no Brasil. Sua mãe, a imigrante espanhola Manuela (Laura Cardoso), entretanto, queria se mudar com o filho para o País Basco. Com a minguada aposentadoria, ela havia acumulado todo o dinheiro necessário para a viagem na caderneta de poupança.

Porém, a poucos dias de convencer o filho a fazer a viagem, o presidente Collor anuncia o seqüestro da poupança. Manuela, ao ver o pronunciamento na televisão, não suporta o desespero e morre sentada ao sofá.

Paco fica, então, sozinho no mundo e sem dinheiro. Frustrado, decide fazer a viagem que a mãe sonhava. Para isso, se envolve com contrabandistas de obras de arte, que lhe oferecem a viagem a Portugal em troca do carregamento de mercadorias.

Na Europa, ele se envolve com Alex (Fernanda Torres), uma brasileira frustrada que queria fazer a vida no velho continente, mas já se contentava com a idéia de voltar para o Brasil após o assassinato de seu namorado, Miguel (Alexandre Borges), que seria o receptador da carga trazida por Paco do Brasil.

No final das contas, o acaso leva ao encontro de Paco e Alex.

Filmado em preto e branco por opção do diretor, Terra Estrangeira é um filmaço. Podem assistir por minha conta. Depois, confirmem ou critiquem minha opinião aqui no Uaipod.

Detalhe interessante: de acordo com Walter Salles, a música Vapor Barato entrou por acaso na trilha sonora do filme. O diretor conta que flagrou a atriz Fernanda Torres cantando esta música para se concentrar. Para ela, a música tinha tudo a ver com a cena a ser interpretada. O cineasta adotou a idéia e Vapor Barato entra na cena mais emocionante do filme.