Se eu acordasse dono da Globo
Todo meio de comunicação tem um dono. Já reparou, por exemplo, como os canais de televisão têm seus nomes completamente ligados aos nomes de seus donos? É assim: falou em SBT, pensou em Sílvio Santos. Assim também é com a Globo e o Roberto Irineu Marinho (o filho daquele), com a Record e o Edir Macedo. Deu pra perceber o quanto a mídia e seus donos são quase que uma coisa só?
Pois bem, os canais tem donos, mas a gente nunca vê o dono de um canal falando abertamente o porquê de ele ter um canal. Por acaso você já viu o Sílvio Santos interromper o topa-tudo-por-dinheiro pra falar que o interesse dele com o SBT é vender carnês do baú da felicidade? Ou então o Edir Macedo falar que tem um canal pra trazer mais gente pro rebanho? Ou ainda o Roberto Marinho falando que usa a Globo pra barganhar interesses pessoais com o poder? Ou, talvez, o Roberto Civita (dono da Veja) comentando que gostaria de fazer com os petistas o que Hitler fez com os judeus?
Claro que ninguém nunca viu nada disso. E é até fácil de entender. Pensa bem. Se amanhã eu acordar e descobrir que sou o dono da Globo, vou querer sair por aí comendo tudo quanto é mulher. Mas nem por isso vou sair andando de pinto duro pela Afonso Pena gritando: “ei, dona, tô a fim de te comer!”. Além de deselegante, poderia dar cadeia. E pensa bem o dono da Globo na cadeia? Isso sim daria boas manchetes nos jornais.
Vamos deixar de lado o que eu não ia fazer pra falar do que eu ia fazer. Uma coisa eu tenho certeza: se eu fosse dono da Globo, meus microfones nunca dariam voz a quem pensa diferente de mim. Vê lá se eu ia dar espaço pra alguém xingar a mim, a algum amigo meu ou à minha ideologia. Claro que não! Eu sou o dono do canal e faço com ele o que eu quiser!
Agora pense um pouco a respeito. Se você fosse o dono da Globo, da Veja, do SBT, ou de qualquer outro grande canal, faria a mesma coisa? Muito provavelmente a resposta é sim. Neste caso, você tem tudo o que os atuais donos dos meios de comunicação também têm: ego.
Imagine agora que, no Brasil, apenas 10 grupos dominam a comunicação. São os cinco principais grupos de televisão, mais a editora Abril (Veja) e jornais do eixo Rio-São Paulo. Todos têm dono e cada um é feito à imagem e semelhança de seu proprietário. Existe alguma chance de liberdade de expressão nisso?
4 Comments:
Todos são empresários e têm interesses. Nada mudaria se o numero de jornais influentes fosse 10x maior.
abraços.
Pode ser... mas a questão de democratizar não é aumentar o número de jornais influentes. Leia o post sobre Paulo Freire e José Sarney e entenda melhor.
Nenhuma! Por isso nós blogamos.
Numa aula de redação o professor sugeriu o seguinte tema: "Liberdade, um direito ameaçado".
E na verdade é assim. O Brasil é politicamente democrático, politicamente independente e com uma liberdade politicamente existente. Como se sabe que hoje em dia tudo que se diz política tem o mesmo significado que ridículo, dá pra ter um pouco de idéia sobre o que temos por aqui.
Obrigada pela visita. Obrigada pelo elogio.
Gsotei de tudo o que eu vi por aqui.
Abraço.
Postar um comentário
<< Home