sexta-feira, setembro 15, 2006

O Spam e a credibilidade da rede - Parte 2

Para reforçar a idéia da postagem anterior, republico aqui matéria que escrevi para o jornal Estado de Minas em julho de 2004. E sugiro ainda a visita ao site QuatroCantos.com, especialista em desmascarar boatos virtuais.

Rede de intrigas

Dezenas de boatos circulam pelos e-mails diariamente e alguns são tidos como verdade

PAULO DE MORAIS

Livro de geografia norte-americano ensina que a Amazônia é uma área internacional comandada pela ONU. Ninhada de cães da raça golden retriever será sacrificada se não for adotada em uma semana. Coca-cola com limão provoca câncer. Adolescente foi contaminada após sentar sobre seringa com sangue contendo vírus HIV.

Não há quem cheque sua conta de e-mail diariamente que nunca tenha recebido uma mensagem de alerta com alguma dessas notícias. Na imensidão do espaço virtual, os hoaxes, como são conhecidos os boatos no jargão da internet, viraram moda de vez. Os especialistas advertem: quando receber mensagem de alerta, a ordem é sempre desconfiar.

Os hoaxes sempre deixam pistas de que se trata de uma enganação. A começar pelo tom alarmante, criado sobretudo com excesso de letras maiúsculas e exclamações do tipo “Cuidado!”, “Absurdo!”ou “Impressionante!” “Esse tipo de enganação tem como cúmplices os ingênuos, que pensam estar prestando serviço a amigos por e-mail”, opina Giordane Rodrigues, criador e editor do site Infoguerra, que trata de segurança na rede e tem uma seção exclusiva sobre hoaxes. A página desvenda dezenas de boatos sobre vírus, um dos tipos mais comuns encontrados na rede.

CASOS MAIS COMUNS
O site Quatrocantos.com, mantido desde 1999 pelo professor Gevilácio Aguiar, da Universidade Federal de Pernambuco, tem um arquivo de 177 hoaxes desvendados. A maioria deles possui temas semelhantes. Um dos casos mais comuns é de produtos que fazem mal à saúde, como refrigerantes que provocam inflamação no fígado e xampus ou desodorantes cancerígenos. “Para dar credibilidade, eles apelam para falsas autoridades. O caso do desodorante que provoca câncer de mama, por exemplo, vem assinado por uma pesquisadora do Alabama que nunca existiu”, atesta o criador do site.

Gevilácio recebe diariamente dezenas de e-mails de leitores com novos casos. O surgimento de boatos e o reaparecimento de mensagens antigas é tamanho a ponto de não poupar trabalho ao editor do site — na última sexta-feira, 936 e-mails estavam sem resposta. Mas o que motiva um professor a se dedicar tanto tempo a desvendar boatos? “Nem eu sei explicar. Um dia comecei e agora não paro mais”, explica.


Assinantes do Uai ou do Estado de Minas podem ler a matéria completa aqui.