quarta-feira, novembro 22, 2006

Resposta das Casas Bahia

Depois de um tempo que deixei este post sobre omissão de informações (precisamente um mês), as Casas Bahia responderam a este blog por e-mail, com o seguinte conteúdo (reproduzido abaixo na íntegra):

"Prezado Paulo,
A Casas Bahia agradece sua manifestação e esclarece que por estratégia da rede, as promoções da empresa são diárias, semanais, quinzenais, mudando constantemente a forma de pagamento (para 15, 30, 60 dias) bem como sua categoria de produtos.
Todas as promoções são diariamente anunciadas e têm prazo de validade."

A mensagem veio da assessoria de imprensa da rede. Na prática, não me satisfaz. Como consumidor, continuo com uma pulga atrás da orelha. E não é só com as Casas Bahia, mas com várias outras redes de lojas que vemos por aí, como a Ricardo Eletro, por exemplo, que não respondeu ao Uaipod.

As duas redes de lojas, a meu ver, são as mais agressivas do mercado. Aparecem todos os dias no horário nobre com anúncios que parecem extraordinários, ofertas "imperdíveis". Sempre são promoções perecíveis ou, para usar as palavras da assessoria das Casas Bahia, "com prazo de validade". Prazos que, aliás, são curtíssimos, em muitos casos, de apenas um dia.

Agora pense bem. Uma loja do tamanho das duas citadas tem milhares e milhares e milhares, pilhas e pilhas de eletrodomésticos em estoque. Vamos supor que um dia eles resolvem fazer uma megapromoção da torradeira elétrica Arno. Aí vem a propaganda: "É só amanhã nas Casas Bahia, você não pode perder, oferta imperdível, olhou levou, não deixe a oportunidade passar, é a sua chance de comprar"...

Fica 25 segundos da propaganda nesta lavagem cerebral, como se a oferta fosse a mais generosa de todos os tempos. Nos outros cinco segundos restantes, anuncia "Ferro elétrico Arno por R$ 39 ou mensais de R$ 3,90. É só amanhã!"

De tanto ver essa propaganda repetida todos os dias na televisão, um dia com tevê, outro dia com forno, outro dia fogão, depois geladeira, depois máquina de lavar... o que fica no imaginário das pessoas é que a rede de lojas em questão é mais generosa do mercado, a mais barateira.

Entretanto, você vai nas Casas Bahia, depois passa na Ricardo Eletro, passa numa outra loja qualquer e vê que os preços, exceto daquele único produto em promoção, são rigorosamente os mesmos. As promoções são parecidas. Os produtos, as marcas, as condições de financiamento, tudo a mesma coisa. Qual a diferença de uma pra outra, então?

A diferença é que as propagandas de umas são mais apelativas que as de outras. No lugar de apelativas, você pode usar o termo que quiser: sensacionalistas, enganosas, escandalosas, abusivas, vai da percepção de cada um.

E olha que nem falei de outros dois problemas que vejo nestas propagandas. Um: as parcelas de financiamento. São mais ou menos assim: R$ 890 ou mensais de R$ 89. O número de mensalidades vem pequenininho, lá no cantão. Isso deixa a impressão de que são 10x de R$ 89, mas na verdade são, 12, 14, 16 vezes. Os mais desavisados se ferram nesta.

Dois: as letrinhas que explicam as regras de financiamento são tão pequenas que se algum dia eles escreverem que os clientes devem doar um de seus rins à loja, muitos vão acabar parando na mesa de cirurgia.

Então, você quer fazer algo de útil ao invés de ficar vendo comercial de novela? Algumas dicas:

1) Entre no site do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) e reclame de toda propaganda que você (e não eu) considerar abusiva.

2) Não caia no conto da propaganda. Compre só aquilo que você sabe que precisa, e não aquilo que a televisão lhe diz para comprar.

3) Evite comprar financiado. Dê preferência para negócios à vista.

3 Comments:

At 4:33 PM, Blogger graziipa said...

Sobre o rim, sensacional. O risco é esse mesmo! Ainda bem que não trabalho com cheque e só tenho cartão de crédito para comprar passagens para BH parceladas e sem juros, please! rs

 
At 4:05 AM, Blogger Descharth said...

Mesmo se as letras fossem de tamanho garrafais esse risco ainda assim procederia.A final nosso povo não le nem bula de remédio.
As campanhas publicitarias feitas da forma que você relatou realmente visam uma estratégia de fixação mental
, são como as mensagens subliminares que nos foi imposto pela Coca-cola durante anos...
Na verdade o que esta sendo colocado em sua mente não é o ferro-elétrico.
e sim a loja.
Infelizmente não tem um meio legal de fugir dessa lobotomia.
aproveite a hora dessas propagandas para ir ao banheiro, quem sabe se voce associar o nome da loja com nescecidades fisiológicas,não se resolve o problema.

 
At 11:26 PM, Anonymous Anônimo said...

Parabéns pela sua análise e pelo caráter educativo de seu blog.
Tive um grande problema com a Casas Bahia, especificamente com a péssima qualidade dos móveis.
O caso mais grave foi de uma cama que teve sua viga principal de sustentação quebrada ao meio. A loja se negou a reconhecer meu direito de ter o móvel consertado.
Maiores detalhes podem ser vistos em http://www.casasbahia.org/index.htm

 

Postar um comentário

<< Home