terça-feira, novembro 07, 2006

Garrincha, Estrela Solitária (2003, de Milton Alencar Jr.)


Manoel dos Santos, o Mané Garrincha, tinha quase todos os defeitos que os mais controversos jogadores de hoje podem ter. Era mulherengo, tinha grande apreço por um gole de uma cachaça, não gostava de treinar e sumia da concentração nas vésperas dos jogos.

Entretanto, tinha uma qualidade que o diferenciava de todos os outros: a paixão por jogar futebol. Garrincha até ganhou algum dinheiro jogando bola, mas era atleta simplesmente porque gostava. Cada jogo da seleção ou do Botafogo era uma diversão.

Talvez por isso o gênio das pernas tortas, por mais controverso que seja, fez aquilo que fez dentro de campo: ganhou títulos pelo Botafogo; carregou nas costas a seleção bicampeã de 62, que contou com Pelé apenas no primeiro jogo; e levou centenas de milhares de torcedores aos estádios.

Garrincha, estrela solitária conta a história do craque, interpretado por André Gonçalves, a partir de memórias de pessoas que o cercaram durante sua conturbada vida. São casos narradas pela ex-esposa e amante Iraci, pela namorada e cantora Elza Soares (Taís Araújo), pelo jornalista Sandro Moreyra (Henrique Pires) e pelo colega de Botafogo e seleção Nilton Santos (Alexandre Schumacher), apontado por muitos até hoje como o maior lateral esquerdo de todos os tempos.

As situações apresentadas mostram a incrível simplicidade de um gênio. Como não sabia ler, o craque não se importava com o fato de o Botafogo o obrigar a assinar contratos em branco. Só depois de anos de carreira é que começou a desconfiar do fato de receber menos que outros jogadores.

As primeiras cenas, passadas na cidade carioca de Pau Grande, já dão a tendência do que seria a vida do jogador. Iraci, a namorada, começa a desconfiar da traição do namorado e o flagra com Nair. Quando Nair engravida, Garrincha se casa e a então namorada oficial passa a ser amante. Porém, Nair não pode se mudar para o Rio de Janeiro e a situação se inverte: Iraci volta a ser a oficial.

Todos esses encontros e desencontros amorosos são pontuados pela ascenção da carreira do jogador, que chega ao auge na Copa do Chile, em 1962. Foi em Santiago, capital chilena, que Garrincha assumiu o romance com Elza Soares. A partir deste romance, o jogador começou a cobrar mais do Botafogo mais justiça nos contratos, ao mesmo tempo que se entregava ainda mais ao alcoolismo.

Elza ficou mal falada, boatos diziam que ela atrapalhava a carreira do jogador. Os dois chegaram a se exilar na Itália após o golpe militar de 64, pois a cantora havia participado de comícios em apoio ao ex-presidente João Goulart.

Outras várias histórias também são contadas. Para saber mais, só assistindo.