sábado, dezembro 02, 2006

Morte aos bonequinhos


A privatização das telecomunicações sempre foi assunto controverso. Toda vez que, lá pela oitava cerveja, esse assunto surge na mesa do buteco, o mais comum é encontrar a opinião favorável: antes da privatização, você tinha que pagar caro pra ter uma linha, esperava meses até ter o telefone; sem contar que hoje qualquer um pode ter celular.

Tudo isso é verdade. Hoje ficou mais fácil se comunicar. Mas o que talvez seria o principal objetivo da privatização não me parece alcançado: a concorrência. É a concorrência que deveria atuar para melhorar a qualidade dos serviços e baixar o preço das tarifas, pois a idéia era de que as várias empresas iriam se digladiar em busca dos clientes.

Mas pensemos bem. Você entende perfeitamente as tarifas de telefonia? Experimente visitar todas as lojas de telefone celular, principalmente nesta época de fim de ano, para questionar vendedores sobre tarifas. Eles explicam, explicam, explicam e no final, ninguém entende nada.

Na verdade, a tal concorrência, que na televisão parece até acirrada de tantos comerciais de operadoras no horário nobre, nada mais é do que ilusão. Até porque os negócios entre as operadoras são daquelas coisas que a gente nunca vai ficar sabendo: uma é dona de uma porcentagem da outra, que já foi dona de ações de uma terceira, etc.

Mas não era nada disso que queria discutir nessa postagem. Queria mesmo é falar desse bonequinho mala da Vivo, que fica nos atormentandos nos comerciais do horário nobre.

Só consigo achar uma explicação para o uso do bonequinho nas propagandas: o objetivo é atingir as crianças.

As crianças são, evidentemente, mais suscetíveis aos encantos da propaganda. Tanto é que várias medidas já foram tomadas para restringir "abusos" cometidos por publicitários. Comerciais não podem induzir diretamente os filhos a pedir para os pais comprarem qualquer coisa. "Peça para o papai comprar", por exemplo, é uma frase proibida.

Comerciais de cerveja também tiveram que se enquadrar nos bons modos. O Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) proibiu que as marcas se associassem a desenhos animados ou figurinhas de animação. Lembram-se da tartaruguinha da Brahma, por exemplo? Sumiu do mapa.

Outras propagandas apelativas já foram simplesmente tiradas do ar, como a do chocolate Baton que ensinava as crianças a "hipnotizar" os pais dizendo: "Compre Baton, seu filho merece Baton". E teve ainda a famosa propaganda da tesoura do Mickey, aquela da musiquinha "Eu tenho, você não tem".

Desta vez é a Vivo quem vem se ocupando de encantar as criancinhas. Afinal de contas, são crianças e adolescentes os que mais se apegam às "maravilhas tecnólogicas" dos celulares, que hoje vêm com câmera fotográfica, filmadora, lanterninha, fliperama, forno de microondas e o diabo-a-quatro embutidos.

Resumo da ópera: as operadoras de telefonia celular poderiam nos ser muito mais úteis se explicassem melhor seus sistemas de tarifação ao invés de pagar caríssimo para colocar um bonequinho andando pra lá e pra cá no horário nobre da tevê.

2 Comments:

At 2:15 PM, Anonymous Anônimo said...

é como na propaganda política: perguntemos às crianças quem vencerá as eleições e... pimba! lá está o resultado. e isso, desde a 'democratização'...

 
At 9:19 AM, Blogger Daniel said...

onde achou esse celular com microondas?

...pipoca...hum...pipoca

 

Postar um comentário

<< Home