quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mp3, internet livre, parabólicas e a morte de Fidel Castro

A internet é uma rede livre? A resposta padrão é sim.


Exemplo: nesta matéria da Istoé Digital, uma produtora musical, entusiasta da explosão do mp3, afirma que a “Internet é a democratização de tudo!”.


De fato, quando falamos sobre mp3, a internet empolga por de permitir que as músicas circulem pra lá e pra cá sem que paguemos um centavo por elas. Para artistas e bandas independentes, sem dúvida alguma é uma bênção poder divulgar o trabalho sem depender de gravadoras.


As gravadoras, aliás, estão a cada dia perdendo o sentido de existir. O que é ótimo. Para se ter uma idéia, são cinco gravadoras que comandam o mercado fonográfico brasileiro, todas elas estrangeiras. Desde que a venda de CDs despencou, elas passaram a extorquir os artistas nos shows, como forma de se sustentarem. Muitos artistas resolveram, então, criar o próprio selo, para não ter que dividir o suado dinheirinho com o oligopólio das gravadoras. Chico Buarque, Marisa Monte, Djavan são alguns exemplos.


E, para piorar (para as gravadoras), além da explosão do mp3, explodiram também as facilidades de copiar discos. Veio então a pirataria, que tem o mérito de levar discos de artistas populares a preços acessíveis à maioria da população. Ou alguém aí tem R$ 30 para comprar um CD?


Resumindo, artista nunca ganhou dinheiro com disco. As gravadoras, historicamente, dominam a programação das rádios e das tevês, a gravação de discos e a distribuição dos mesmos, o que garantiu a elas o domínio da indústria musical durante boas décadas.


A internet e o mp3 vieram, pois para acabar com isso. Resta agora ouvintes, bandas e artistas abusarem das vantagens que a rede oferece. Tudo isso evidencia, por fim, que a internet é uma rede livre e tem, portanto, potencial para acabar com monopólios de informação. É, enfim, democrática e democratizadora.


Em tese, sim. Tudo isso é uma transformação bacana de ver e de presenciar. Mas há, também, o outro lado da moeda. Pesquisa apresentada este mês na imprensa mostrou que 54% dos brasileiros nunca usou um computador na vida e que 63% nunca tiveram acesso à internet.


Não bastasse isso, existe um certo consenso rondando por aí que qualquer um pode acessar a internet - desde que esteja entre os 46% que já usaram computador. Estes têm à disposição provedores gratuitos, por exemplo.


Quando o iG se lançou no mercado, veio com o papo de que quem não paga para ouvir rádio ou ver tevê, não precisa pagar para ter acesso à internet. Mas isso não quer dizer que quem usa provedor gratuito não paga nada. Estas empresas são bancadas pelas telefônicas, interessadas em faturar com a cobrança de pulsos.


No mais, resta a opção da internet banda larga, sustentada por um mercado igualmente oligopolizado. As poucas empresas que oferecem o serviço ainda praticam a venda casada: temos que contratá-las e ainda pagar por um provedor para ter acesso à rede.


E a gente ainda acha legal ter de graça e-mail, blog, MSN, espaço no YouTube e tantas outras coisas. Como diz o Bol, “todo brasileiro tem direito a um e-mail”. Será mesmo?


Nessa hora dá vontade de inventar alguma coisa parecida com o que os cubanos faziam na década de 90, quando montavam antenas parabólicas caseiras para assistir à tevê via satélite.


Pense bem: você pegava uma bacia, fazia uma antena parabólica, colocava no telhado de casa, ligava no seu computador e tinha acesso à internet. Será que um dia a gente chega lá?


PS: ficou sem entender o que tem a ver a morte de Fidel Castro anunciada no título? Nada, foi só pra dar audiência mesmo.

6 Comments:

At 4:01 PM, Blogger graziipa said...

Ahahahaha. Pelo menos você colocou Cuba no assunto! Senão minha frustração ia ser maior. Mas não deixa de ter a ver. Com a internet livre e tantos anúncios da morte de Fidel que eu já vi circulando pela rede, creio que agora ele deve estar na sua 5a geração de clones.

Vida longa ao MP3, à internet livre, às parabólicas e a Fidel!

 
At 12:19 AM, Anonymous Anônimo said...

Tem mais noticias sobre a Kombi???

 
At 11:40 PM, Blogger nina said...

Eu pergunto: e se 100% das pessoas tivessem acesso à internet. Seria democrático? Eu aposto no não, mas isso é outro papo... Bjos.

 
At 10:26 PM, Blogger Mariana Valadares - Poucas e Boas da Mari said...

Olá, encontrei o seu blog no do Pimenta. Muito legal esse texto que vc escreveu...a parte do Fidel realmente funciona como "chamarisco"...digo por experiência própria (rs)

Vou fazer um cópia do comentário da "graziipa" - "Vida longa ao MP3, à internet livre, às parabólicas e a Fidel!"

 
At 5:47 AM, Blogger Egidio Vaz said...

Gostei de ver o seu blogue.Muito útil.
Voltarei mais vezes para comentários.
Neste momento cabe-me endereçar-te os meus cumprimentos.
Um abraço de Moçambique,
Egídio

 
At 2:51 AM, Anonymous Anônimo said...

Olá..
Cara gostei daqui! valeu por me linkar, também vou te linkar lá no bar belê?
abraço!

 

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