quinta-feira, dezembro 14, 2006

Propagandas, denúncias e consumidores

Vamos falar mal das propagandas mais uma vez. Durante minha desocupação desta noite, resolvi visitar o site do Conar, entidade que manda prender e soltar quando o assunto é propaganda. Lá é possível ver quem denunciou quem e por que a respeito de propagandas abusivas.

Depois de algum tempo lendo as decisões dos últimos meses, o que dá pra perceber é que as empresas se denunciam o tempo todo. É a Kaiser denunciando a Nova Schin, que denuncia a Ambev, que denuncia a Kaiser. A Tim denuncia a Claro, que denuncia a Vivo, que denuncia a Telemig Celular e vice-versa.

Mas o mais legal são as denúncias de consumidores. Qualquer um pode (e deve) denunciar quando achar que uma propaganda foi abusiva. Vejamos alguns exemplos de casos que estão lá no site.

Uma consumidora de São Paulo denunciou a Polishop, aquele camelódromo da televisão, por causa do anúncio de um equipamento para fazer abdominal que prometia perder quilos e mais quilos com apenas 3 minutos de exercícios diários. O que a propaganda não explicava é que era necessária uma rigorosa dieta alimentar para fazer o negócio funcionar. A dieta vinha em um livro anexo ao produto. A empresa foi condenada.

Outro caso: consumidores paulistas denunciaram a Globo.com por veicular o comercial em que o garoto propaganda é fanático pela Net: usa camiseta e boné com a marca, assina a tevê a cabo e até casou com a Ivonete. A Ivonete, por sinal, é gorda e feia - fato que gerou a reclamação, por ser considerado depreciativo. O Conar considerou a denúncia inválida, mas ao que parece, a Globo.com preferiu alterar o comercial e tirou a Ivonete do ar.

Mas em outro caso, a Globo.com foi condenada. Em outro comercial, um adolescente reclama ao conversar com a mãe, que é representada por um bicho-preguiça: "só posso ser adotado!". Um consumidor de Campinas considerou a campanha publicitária pejorativa e depreciativa, por denegrir a imagem de filhos adotivos.

A Telefonica e seu serviço de internet banda larga Speedy foram punidos após denúncia de quatro consumidores paulistas. De acordo com a denúncia, a empresa citava vários benefícios já inclusos na mensalidade normal dos usuários como exclusivos de um tal "Plano 350 minutos". Ou seja, estavam mesmo é passando a perna na galera.

Tem muito mais de onde vieram essas. Só indo lá pra conferir. E nem vou falar das reclamações contra Vivo, Casas Bahia e Ricardo Eletro, senão daqui a pouco vão falar que estou pegando no pé.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Fui abduzido. E agora?



A visita de seres extraterrestres ao planeta terra é tema controverso, todos sabem. É só procurar pelo Google para ver como, para alguns, as abduções de seres humanos por naves alienígenas são fruto da imaginação fértil de pessoas suscetíveis à fantasia.

Porém, tem gente, como o pessoal deste fórum, defendendo abertamente que estamos finalmente próximos de um contato verdadeiro entre as comunidades humana e extraterrestre.

Neste outro fórum, um cidadão postou fotos e até um vídeo de um Ovni que ele viu do quintal da casa dele.

Neste link, você pode conhecer a história de Elias Mattos, caminhoneiro que afirma ter sido abduzido há 27 anos. Ele não é o Elias Maluco. E qualquer semelhança com aquela piada do "Severino, cearense, caminhoneiro, fazendo cocô" não deve ser mera coincidência.

Diante de tudo isso, resta-nos esperar para o dia em que nossos vizinhos de galáxia finalmente parem com esse cu doce de ficar abduzindo inocentes por aí e resolvam descer para dizer o que os trazem a nosso humilde planeta. E, enquanto isso, é bom ficar sabendo como se preparar para um eventual ataque alienígena.

A revista Sexy, na edição de novembro de 2004, preparou um manual para este caso, com opiniões embasadas de especialistas no assunto (leia matéria na íntegra). Talvez a principal revelação dos especialistas seja a de que os ETs estão mesmo é a fim de sacanagem, como diz esse trecho da matéria:

A gente lamenta muito, leitor. Mas se os ETs chegarem, o melhor é se render e se transformar num objeto na mão deles. Objeto sexual, é claro. Segundo a ufologia, a maioria dos seqüestros de terráqueos envolve abuso sexual.

E, se você que visitou este blog é ET e não humano, pode ir treinando para abduzir os outros no joguinho Alien Abduction. O objetivo é abduzir humanos e carros e entregá-los à nave mãe. Aproveite a visita ao site e jogue também o Ufo Joe, em que o objetivo é abduzir vacas e carneiros na primeira fase, e depois partir para a lua. Boa abdução a todos!


Miniclip Games - Alien Abduction
Alien Abduction

Abduct people and objects and drop them into the mothership.

Play this free game now!!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Não estou sozinho nesta!

Nesta postagem de quatro dias atrás, propus a morte aos bonequinhos, sobretudo ao bonequinho-mala da Vivo. E hoje fui surpreendido por acaso pela seguinte imagem, enquanto procurava por outra coisa no Google:



Trata-se de uma campanha publicitária da seguradora carioca Sinaf que seria veiculada em 2003. De acordo com o site Janela Publicitária, entretanto, a empresa de telefonia descobriu tudo e proibiu a veiculação antes que acontecesse.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Anorexia, Jô Soares e Gisele Bündchen e a falsa mobilização

Peguei o Programa do Jô de ontem (4/12, segunda-feira) em andamento, pois não conseguia dormir. Assim que liguei a tevê, Jô Soares pedia desculpas. O pedido, aliás, demorou um bom tempo. Claro que não cronometrei, mas foi coisa de mais de cinco minutos, tempo precioso para os padrões televisivos.

Mas não era pelo que vocês estão pensando. Jô não pedia desculpas por interromper os entrevistados exaustivamente, por falar mais que os convidados ou simplesmente por ser sem-graça.

O que rolava era um pedido de desculpas para a Gisele Bundchen. Pelo que entendi, numa entrevista que foi ao ar na semana passada sobre anorexia, o telão do programa mostrou uma série daquelas fotos de modelos magrelas que pipocaram na internet desde a morte da tal Ana Carolina Reston.

Uma das fotos apresentadas foi esta:


Na ocasião, o programa embaçou o rosto da Gisele Bündchen para que ela não fosse identificada. Entretanto, isso não o poupou de ter que se retratar.

Provavelmente, a assessoria da modelo entrou em contato com a produção para que houvesse a retratação. Jô Soares, ontem, disse que o programa simplesmente colheu fotos na internet, que se preocupou em preservar a imagem das modelos e que ninguém sabia de quem era foto em questão. Disse, ainda, que a foto é uma montagem de Photoshop, um fake.

Mas, e daí?

E daí que o assunto anorexia é a bola da vez do noticiário. Saiu na capa de todas as revistas, ganhou espaço nos blogs, no Fantástico, nas novelas. Sempre que estoura uma notícia-bomba, dessas boas de vender jornal e revista, é assim.

Lembram-se quando estourou o caso do Pedrinho, o garoto roubado na maternidade? E o do maníaco do parque? O da babá espancadora, que foi linchada na rua?

A mídia adora esses assuntos. Aí, pela lógica de mercado, as discussões ganham a imprensa. Todo mundo fica indignado, pipocam milhares de comunidades no orkut, correntes de e-mail trazem denúncias de tudo quanto é tipo.

Passa quinze dias, no máximo um mês, e ninguém agüenta mais ouvir falar da mesma história, que se "esgotou". Acontece outra notícia-bomba para ocupar o lugar, a mídia investe pesado, todos ficam indignados, fingem uma falsa mobilização e estamos conversados.

Alguém se lembra, por exemplo, quando a Carolina Dieckman raspou a cabeça na novela das oito? Todo mundo ficou sensibilizado com o drama da leucemia e o Brasil bateu recordes de doação de medula. Hoje, entretanto, parece até que o assunto perdeu o sentido.

Moral da história: por que esperar a mídia bombardear uma notícia pra se sensibilizar se tem tanto problema pra ser resolvido por aí?

Vai trabalhar, vagabundo!

A frase acima com certeza só pode ter sido criada por alguém extremamente reacionário. Na época da ditadura, era o lema de quem não gostava de negociar com grevistas. O lema de quem pensa que trabalhador tem que trabalhar calado, aceitar o que o patrão impõe.

Pode até ser. Mas pensemos por outro lado. Na verdade, o lema "vai trabalhar, vagabundo" é resultado da inveja. Qual inveja? Da inveja que temos dos vagabundos. Todos nós recriminamos aqueles que não são lá muito afeiçoados ao trabalho, que passam meses sem trabalhar às custas dos outros, que não se sustentam nem pagam suas contas.

Na verdade, no fundo, no fundo, há uma vontade inconsciente de querer ser como os vagabundos. Tanto é que, nas séries de tevê e programas de humor, os vagabundos sempre fazem sucesso. Vejamos alguns exemplos:



Agostinho Carrara: É o vagabundo enrolado. Se veste muito mal e trabalha pouco, quando trabalha. Finge que tem moral em casa, mas não tem. Em tudo que se mete, faz bobagem e a coisa dá errado. Entretanto, é o personagem preferido da galera.


Bart Simpson: É o vagabundo pré-adolescente. Mata aula, cola pra cacete, só tira nota ruim, xinga a professora, passa mais tempo na sala da diretoria do que na sala de aula.


Seu Madruga: É o vagabundo injustiçado. Até tenta trabalhar e sair da pindaíba, mas o desemprego é crônico. Enrola o Seu Barriga com o pagamento do aluguel não porque quer, mas porque não tem dinheiro. Desconta a agressividade da Dona Florinda no Chaves, mas todos sabem que no fundo ele tem bom coração. Provou isso no episódio da venda de churros.


Joey Tribbiani: É o vagabundo burro. Acha que tem um trabalho de verdade, que é bom naquilo que faz. Mas, na verdade, é enganado pela agente e pelos amigos, que fingem que acreditam que ele é bom ator só pra agradá-lo. Como os demais vagabundos, vai levando a vida enrolando os outros.


Patropi: Era tão vagabundo, mas tão vagabundo, que a única coisa que fazia além de não fazer nada era interpretar o Fofão.


Carlos Alberto de Nóbrega: Esse é o mais vagabundo que já existiu. Há 30 anos que a única coisa que faz é ler jornal no banco da praça. Alguém já viu Carlos Alberto de Nóbrega trabalhando? Duvido muito. Ele não é bem o tipo do vagabundo que faz sucesso, mas merece admiração por passar tanto tempo agüentando piadinhas sem-graça de um bando de malas. Eu, no lugar dele, já teria dado um sopapo na orelha da velha surda há muito tempo!

E vocês, lembram de outros vagabundos? Se sim, então parem de ver tevê e vão trabalhar, vagabundos!

sábado, dezembro 02, 2006

Morte aos bonequinhos


A privatização das telecomunicações sempre foi assunto controverso. Toda vez que, lá pela oitava cerveja, esse assunto surge na mesa do buteco, o mais comum é encontrar a opinião favorável: antes da privatização, você tinha que pagar caro pra ter uma linha, esperava meses até ter o telefone; sem contar que hoje qualquer um pode ter celular.

Tudo isso é verdade. Hoje ficou mais fácil se comunicar. Mas o que talvez seria o principal objetivo da privatização não me parece alcançado: a concorrência. É a concorrência que deveria atuar para melhorar a qualidade dos serviços e baixar o preço das tarifas, pois a idéia era de que as várias empresas iriam se digladiar em busca dos clientes.

Mas pensemos bem. Você entende perfeitamente as tarifas de telefonia? Experimente visitar todas as lojas de telefone celular, principalmente nesta época de fim de ano, para questionar vendedores sobre tarifas. Eles explicam, explicam, explicam e no final, ninguém entende nada.

Na verdade, a tal concorrência, que na televisão parece até acirrada de tantos comerciais de operadoras no horário nobre, nada mais é do que ilusão. Até porque os negócios entre as operadoras são daquelas coisas que a gente nunca vai ficar sabendo: uma é dona de uma porcentagem da outra, que já foi dona de ações de uma terceira, etc.

Mas não era nada disso que queria discutir nessa postagem. Queria mesmo é falar desse bonequinho mala da Vivo, que fica nos atormentandos nos comerciais do horário nobre.

Só consigo achar uma explicação para o uso do bonequinho nas propagandas: o objetivo é atingir as crianças.

As crianças são, evidentemente, mais suscetíveis aos encantos da propaganda. Tanto é que várias medidas já foram tomadas para restringir "abusos" cometidos por publicitários. Comerciais não podem induzir diretamente os filhos a pedir para os pais comprarem qualquer coisa. "Peça para o papai comprar", por exemplo, é uma frase proibida.

Comerciais de cerveja também tiveram que se enquadrar nos bons modos. O Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) proibiu que as marcas se associassem a desenhos animados ou figurinhas de animação. Lembram-se da tartaruguinha da Brahma, por exemplo? Sumiu do mapa.

Outras propagandas apelativas já foram simplesmente tiradas do ar, como a do chocolate Baton que ensinava as crianças a "hipnotizar" os pais dizendo: "Compre Baton, seu filho merece Baton". E teve ainda a famosa propaganda da tesoura do Mickey, aquela da musiquinha "Eu tenho, você não tem".

Desta vez é a Vivo quem vem se ocupando de encantar as criancinhas. Afinal de contas, são crianças e adolescentes os que mais se apegam às "maravilhas tecnólogicas" dos celulares, que hoje vêm com câmera fotográfica, filmadora, lanterninha, fliperama, forno de microondas e o diabo-a-quatro embutidos.

Resumo da ópera: as operadoras de telefonia celular poderiam nos ser muito mais úteis se explicassem melhor seus sistemas de tarifação ao invés de pagar caríssimo para colocar um bonequinho andando pra lá e pra cá no horário nobre da tevê.